Superar o desafio de uma Entrevista de Emprego
Quem está a procura de trabalho fantasia de antemão o que acontece quando se vai para uma entrevista de emprego: sair de casa bem vestido e com um discurso ensaiado, chegar à empresa a horas, esperar longos minutos ate que alguém da área de Recursos Humanos o traga para uma sala onde lhe perguntarão tudo o que acharem relevante para o contratarem.
Uma entrevista de emprego é a fase final do processo de recrutamento que lhe pode dar a chave para entrar numa empresa como colaborador e que, talvez por isso, é encarada como um obstáculo quase intransponível por muitos. Contudo, não é preciso ficar com suores frios depois de receber a tão ansiada chamada: uma boa preparação é essencial para que tudo corra o melhor possível.
Em casa
«Há vários passos para essa preparação», afiança Filipa Leite de Castro, manager na Jason Associates. «Primeiro, é preciso pensar o que somos e que percurso fizemos. Em vez de contarmos uma hist6ria detalhada sobre nós, diz Filipa, e preferível «ter algo mais estruturado sobre o que aprendemos com as nossas experiências. Isto é, em vez de preparar uma narrativa em casa que explique na perfeição o seu percurso profissional, pensar nas escolhas de vida que possam ter moldado o nosso carácter. «Por exemplo, ser federado em desporto desde novo tem implicações sobre as pessoas, diz Filipa, e é uma informação que diferencia o candidato dos demais. Já Pedro Ramos, director corporativo de Recursos Humanos do grupo ETE, enfatiza a necessidade de pensar numa «atitude ganhadora» antes da entrevista: pensar no que dizer, através da elaboração de listas de palavras “proibidas” que reflitam negatividade, por exemplo, ou no que vestir.
Filipa Leite de Castro realça também a importância da aparência: Nunca devemos correr o risco de estarmos menos apresentáveis do que o nosso interlocutor. E sempre melhor ir overdressed do que underdressed, vestidos com alguma marca pessoal e, claro, bom senso, diz. E sugere um último exercício mental, importante para acalmar alguma ansiedade: desdramatizar a figura do entrevistador, que passa por «pensar que são pessoas iguais a nós, que vão ao supermercado, têm filhos. E preciso trata-las como pessoas e não como CEOs.
Pré-entrevista
Tome atenção ao relógio antes de ir para uma entrevista e poupe dissabores. Provavelmente já sabe disto: nunca, nunca chegue atrasado nem demasiado cedo. «Chegar dois minutos mais cedo é o ideal. Chegar muito mais cedo denota uma ansiedade excessiva, diz Pedro Ramos. Contudo, quando não souber exatamente onde fica o sitio onde decorrera a entrevista, escolha sair de casa com alguma antecedência para evitar chegar «stressado, zangado, transpirado» ao local, acrescenta. E quando chegar, pare um pouco e olhe à volta, para se ambientar antes de entrar para a entrevista.
Durante a entrevista
Preparou-se em casa, chegou a tempo e horas ao local (esperemos) e já está sentado na cadeira em frente ao entrevistador. E o que fazer? Sofia Mendoca, directora de Recursos Humanos da Mcdonald´s Portugal, considera que a primeira postura deverá ser de procurar estar calmo e sereno. Não deve enervar-se de modo a conseguir transmitir segurança e clareza nas suas ideias.
Aqui, é necessário estabelecer uma relação de paridade” com o interlocutor, avança Filipa Leite de Castro. Isto significa que é preciso conseguir ficar numa situação de igualdade na entrevista e não de submissão perante o entrevistador. E uma das formas é tao simplesmente olhar nos olhos de quem nos fala: «É um fator importantíssimo. Mesmo que estejamos nervosos não demos deixar de o conseguir”. Contudo, situações em que esta paridade é forçada, como tentar ter graças com o entrevistador, constitui um dos maiores erros numa entrevista de emprego: a necessidade desesperada de agradar.
E, claro, a sinceridade é essencial. A verdade. Ninguém pode contorna- la., diz Filipa Leite de Castro. É muito importante que as pessoas se conheçam bem para poderem fazer frente a qualquer pergunta que possa ser feita numa entrevista. E deixa uma dica: Um bom trabalho de casa será perguntar aos amigos o que é diferenciador em nós, quais são as nossas qualidades e os nossos defeitos para que o candidato se possa defender da melhor forma.
Apresente-se em papel
Antes de uma entrevista, uma das formas de vender a sua marca pessoal é através de uma carta de apresentação. As cartas de apresentação são encaradas por muitos como elementos essenciais, a par do currículo, para avaliar o potencial do candidato. Mas será que ainda são tao importantes numa época em que as empresas recebem dezenas de currículos por dia? Hoje em dia as pessoas as pessoas que estão nas empresas são bombardeadas com informação, diz Maria João Gomes, directora de Recursos Humanos da WEDO Technologies, e já os currículos muitas vezes nem são lidos. O que eu faria seria um dois em um: ter um parágrafo inicial de duas, três linhas no currículo no qual o candidato desperta a curiosidade ao explicar como pode fazer a diferença.
Pedro Ramos concorda: As cartas de apresentação contam cada vez menos. Se uma carta for exigida juntamente com o currículo, faz sentido envia-la. Mas cada vez mais as cartas de apresentação são menos lidas. Contudo, deixa algumas dicas: estas devem ser o mais simples possível, com uma apresentação inicial do candidato e com a defesa daquilo que este tem para oferecer à empresa. O candidato, diz Pedro Ramos, «deve apresentar-se, dizer qual e o propósito da candidatura e explicar porque é que reúne as condições para preencher aquela posição». E o candidato nunca se deve exceder ao escreve-la: cartas de apresentação muito longas correm simplesmente o risco de não serem lidas. É importante ter urn discurso mais dirigido, explicar os pontos fortes de forma mais objectiva. Os recrutadores precisam de perceber em que perspectiva é que a pessoa faz o seu marketing pessoal», acrescenta Pedro Ramos.
Contudo, esse marketing pessoal pode ser feito de forma de forma eficaz com cartas de apresentação mais originais. Pode e deve, diz Maria João Gomes: «Eu abolia as cartas de apresentação». Numa altura em que estamos soterrados com informação é importante marcar a diferença de outras formas. E dá dois exemplos: «Uma vez recebi uma carta que vinha dentro de uma garrafa, outra vez em que recebi um baú com cartões-de-visita lá dentro, todos com um link para o CV do candidato. Se o objetivo principal de qualquer carta de apresentação é mostrar no que se é diferente, estas conseguiram-no, diz. Pedro Ramos concorda com a necessidade de uma abordagem mais criativa, mas lembra que tudo dependerá da área à qual o interessado se candidata, se mais criativa ou mais formal.
NA REDACÇÃO DE UMA CARTA DE APRESENTAÇÃO, O CANDIDATO DEVE APRESENTAR-SE LOGO E DEFENDER AS RAZOES POR QUE DEVE SER SELECCIONADO PARA 0 CARGO, DE FORMA CRIATIVA E SUCINTA
Em síntese
Para que tudo corra bem na sua entrevista de emprego, siga as dicas dos especialistas ouvidos pela Human Resources Portugal:
• Pensar nos pontos fortes e pontos fracos;
• Ter uma atitude ganhadora e combativa;
• Nunca ir vestido de forma menos apresentável do que o eventual entrevistador;
• Desdramatizar a figura do entrevistador. Pensar que são pessoas comuns, com rotinas semelhantes às nossas.
• Chegar a horas, preferencialmente dois minutos antes;
• Manter a serenidade e expor claramente as suas ideias;
• Ser sincero e transparente nas respostas As perguntas do entrevistador.
Artigo original: Human Resources Portugal | Maio 2013
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