Entrevista com André Leite | FFF HealthCare
Sou o André Leite, 39 anos, engenheiro, ex-consultor de Gestão de Empresas e de Organizações Sociais, especializado em Gerontologia, Bioengenharia e Tecnologias de Apoio, co-fundador e dirigente de duas IPSSs. Faço Bodyboard, desportos de ondas e adoro viajar.
Emprego Saúde – Quando e como começou a trabalhar na área de recrutamento?
André Leite – No ano de 2005.
Emprego Saúde – Qual o atrativo e as dificuldades deste trabalho? Qual tem sido o posicionamento da sua empresa neste mercado?
André Leite – É motivador e gratificante fazer a ponte entre a oferta e a procura, satisfazendo as necessidades e as aspirações tanto do empregador como do candidato. No nosso caso, atendendo ao crescente mercado na área da saúde no Médio Oriente, em particular nos países árabes do golfo pérsico (GCC), as dificuldades estão normalmente relacionadas com os elevados níveis de exigência dos Hospitais empregadores que procuram profissionais altamente qualificados, com experiência em ambiente hospitalar e fluência em inglês. Acrescem as dificuldades em satisfazer as expectativas dos candidatos, que terão de ser seleccionados com o perfil e a motivação adequados ao exigente desafio profissional nessa área geográfica.
Emprego Saúde – Quais são as oportunidades e ameaças neste momento para um profissional de saúde que queira migrar?
André Leite – São grandes as oportunidades e os benefícios, nomeadamente, a valorização curricular e pessoal, a multiculturalidade aliada à significativa melhoria económica. Há sempre que ter em atenção as diferenças culturais, que impõem uma cuidada adaptação a diferentes métodos de trabalho. Apesar disso, é evidente que uma experiência laboral no estrangeiro valoriza sempre os profissionais.
Emprego Saúde – o Reino Unido tem sido um destino de eleição para profissionais portugueses. Que razões estão na base dessa escolha? Que feedback obtém dos candidatos colocados e dos empregadores?
André Leite – O Reino Unido tem vantagens, em especial, pela proximidade geográfica com Portugal face a outros países. É mais fácil um enfermeiro recém-licenciado obter colocação comparativamente com outros países que procuram habitualmente profissionais com, pelo menos dois anos de experiência. A reputação dos enfermeiros portugueses no Reino Unido é muito boa. No entanto os benefícios salariais são muito superiores no Médio Oriente, onde a retribuição é isenta de impostos e as despesas com alojamento são suportadas pelos empregadores. Diferentemente, o Reino Unido é excelente para um recém licenciado ganhar experiência, mas com o elevado custo de vida, incluindo os impostos, é mais difícil poupar os rendimentos ao fim de um ano de trabalho.
Emprego Saúde – como está a evoluir o mercado de recrutamento e mobilidade internacional? Que outros destinos poderão ser interessantes a nível profissional e pessoal?
André Leite – O mercado internacional é muito dinâmico. Actualmente o país com maior crescimento na área hospitalar é a Arábia Saudita pela forte aposta do Governo na saúde. Tem um plano para os próximos 10 anos de construção de mais 150 hospitais, além dos muitos em funcionamento (actualmente tem 10 vezes mais hospitais certificados pela JCI do que Portugal). Existem também alguns países que começaram a recrutar profissionais portugueses qualificados, como a Noruega, bem como outros países como a Bélgica, França e Alemanha. Há também excelentes unidades hospitalares, já alguns com portugueses, na Índia e na Tailândia.
Emprego Saúde – quais os pormenores que um candidato que procure emprego fora de Portugal não pode descurar?
André Leite – O meu primeiro conselho é que os candidatos deem preferência a ofertas de emprego promovidas por entidades credíveis e especializadas, como sejam o Emprego Saúde, através de agências portuguesas de recrutamento especializadas para os países onde desejam emigrar. Com uma agência portuguesa de recrutamento, o candidato terá maior facilidade em comunicar e esclarecer as suas dúvidas. Além disso, uma agência portuguesa especializada na colocação de portugueses no estrangeiro dará sempre preferência a portugueses ao contrário das agências estrangeiras. No meu caso, dou sempre preferência aos profissionais portugueses, pugnando pelos melhores benefícios e por tratamento igual a outros países europeus com boa reputação profissional. Recomendo também aos candidatos que se informem bem sobre o país para onde desejam emigrar, sendo que, actualmente, com o GOOGLE, é fácil obter essa informação.
Emprego Saúde – Que conselho daria a um jovem que está no último ano do curso de formação de base?
André Leite – Em primeiro lugar, deve manter a esperança e o optimismo. Apesar das conhecidas dificuldades de emprego, vão surgindo algumas oportunidades, que não devem ser descuradas. Para quem gosta de desafios aliciantes, o “mundo é cada vez mais pequeno”, pelo que recomendo vivamente uma experiência profissional no estrangeiro, ainda que de curta duração. É essencial a formação em inglês, sem prejuízo da experiência profissional em ambiente hospitalar nos primeiros dois anos, de preferência, em Portugal, ou no estrangeiro.
Emprego Saúde – Que história recorda com mais satisfação no seu percurso como profissionais e recursos humanos?
André Leite – O que me deu mais prazer foi promover Portugal numa cidade do interior da Arábia Saudita que tinha fortes necessidades na área da Neurocirurgia e Cardiologia. Graças à qualidade e ao esforço dos profissionais portugueses, foram criados dois novos serviços de Neurocirurgia e Cardiologia de Intervenção de referência nacional, que elevaram o prestígio de Portugal e dos profissionais portugueses. Este facto motivou empresários e investidores sauditas dessa pequena cidade do interior, que mal conheciam Portugal, a investir em Portugal, nomeadamente, nas áreas da Hotelaria, Imobiliária, Turismo e Agricultura. Estas sinergias deram-me enorme satisfação, bem como a profunda admiração que esta pequena cidade passou a ter pelos portugueses.
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