Ágata Pedrosa | Irlanda do Norte
Ágata Pedrosa, 25 anos. Nascida na Marinha Grande, distrito de Leiria. Sou determinada e corajosa mas também consigo ser insegura e muito medrosa. Sou uma pessoa muito sentimentalista mas bastante divertida. Sempre tive o sonho de vir a ser enfermeira e fui incentivada pelo desejo que o meu pai tinha de o ter sido um dia também. Terminei a minha licenciatura na Escola Superior de Saúde de Leiria em Julho de 2013 e em Setembro tomei rumo a Irlanda do Norte, mais precisamente Donaghadee onde me encontro a exercer a profissão. Aos 25 anos considero me realizada e feliz com a decisão de deixar Portugal devido aos problemas socioeconómicos que este se encontra a viver neste momento.
Ágata, quando iniciaste a tua licenciatura em Enfermagem, já perspetivavas seguir uma carreira fora do país?
Sim, frequentei o curso de enfermagem em Leiria durante 4 anos. Quando iniciei a licenciatura em enfermagem, tive esperança de conseguir trabalho em Portugal, mas a partir do 2º ano percebi que não ia ser fácil e comecei a pensar em alternativas, como trabalhar fora do país. Ideia assustadora inicialmente, mas que se foi tornando forte com o passar do tempo, sobretudo após receber a visita da empresa Four Seasons Health Care, para a qual trabalho, para apresentação da mesma e ter-me atirado de cabeça numa entrevista com os mesmos.
De que modo é que o Reino Unido, mais especificamente Irlanda do Norte, surgiu como escolha?
Decidi vir para cá pois segundo informações dos recrutadores da empresa é um pais onde o salário e agradável e onde as despesas são bastante em conta, até mais em conta que em Portugal. Então comecei a minha inscrição com o NMC (Ordem Inglesa) assim que terminei o curso e dai foi um pulo até vir para cá.
Como se processou a escolha do local de trabalho?
Quando a Four Seasons Health Care (FSHC) se deslocou a ESSLei assisti a sua palestra de apresentação da empresa e uma das Regional Managers colocou me a questão de quando estaria disposta a ir a uma entrevista. Respondi que poderia ser na hora e passado 10 minutos estava a ser entrevistada. Fui então aceite e ofereceram-me trabalho em maio de 2013. Alguns meses depois quando terminei o curso foi me enviado o contrato por email, que tive de devolver por carta e ai vinha a informação da casa de saúde em que iria ser colocada. Claro que durante todo o processo fui sendo apoiada pela Regional Manager e pelo Home Manager da casa onde estou colocada.
E os primeiros tempos, como foi a adaptação?
É muito difícil deixar o nosso país, o que conhecemos, para vir para um meio desconhecido. Apesar de sempre ter querido ser independente, ganhar o meu dinheiro e viver com o meu namorado, foi uma mudança brusca que trouxe algumas saudades de tudo, até de coisas que não temos noção de que podemos ter saudades.
O primeiro mês é crucial, é o mais difícil como costumo dizer, é quando tens o contacto verdadeiro com a língua, com o trabalho e com as pessoas.
Eu vim com o meu namorado, ele veio trabalhar para uma casa perto da qual em que estou a trabalhar como auxiliar e a cidade onde vivemos é ótima, muito calma e as pessoas receberam-nos muito bem.
Relativamente à cultura na Irlanda do Norte há coisas muito diferentes de Portugal, principalmente a comida mas com o passar do tempo, e com a ajuda da equipa com quem trabalho, as coisas vão ficando mais fáceis.
O que é que foi mais complicado de gerir?
Como já referi anteriormente, posso considerar que tive muita sorte, a empresa conseguiu arranjar-me casa antes de chegar e ajudar com as despesas no primeiro mês, depois tive a companhia do meu namorado em todo o processo e por fim foi também a equipa de trabalho sempre muito acessível, o que facilitou a mudança.
Mas como é óbvio, as lágrimas que deixamos cair quando deixamos a família e amigos foi e continua a ser o mais difícil, mas felizmente que temos as tecnologias como o Skype que facilita muito as coisas!
E as diferenças relativamente ao exercício da profissão?
Quanto ao exercício da profissão aqui temos de ter formação para fazer quase tudo, até para mobilizar as pessoas mas eles dão muito valor a enfermeiros formados em Portugal e aos nossos conhecimentos, mesmo que adquiridos apenas em ensino clinico.
Temos duas semanas de preparação para a papelada e para como se organiza o trabalho em enfermagem e para te preparares para os residentes que normalmente são permanentes. Claro que as primeiras semanas são sempre uma novidade e de constante aprendizagem…
Existe uma presença portuguesa notória na Irlanda do Norte?
Por enquanto a comunidade portuguesa aqui ainda é pequena, penso que seja maior na cidade de Belfast que é a capital mas temos alguns enfermeiros portugueses aqui também.
Satisfeita com a escolha?
Estou a gostar muito e tenho a certeza que a fiz a escolha acertada. A Irlanda do Norte é um ótimo sitio para viver e trabalhar, a comunidade irlandesa gosta muito dos portugueses e recebem-nos muito bem.
A decisão é difícil, deixar família e amigos… é uma saudade diária, mas temos sempre que acreditar que pode haver um futuro risonho à nossa espera em qualquer lugar do mundo.
Mas por outro lado são estas a oportunidades que o nosso pais não nos está a dar de crescermos e exercermos aqui que amamos. De cuidar do outro, de abraçar um novo mundo, um novo começo. A todos digo, aventurem-se
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