Entrevista a Cátia Cunha | MediCarrera
O seu nome é Cátia Cunha, tem 34 anos, é natural de Lisboa mas vive em Barcelona há cerca de 3 anos. É licenciada em Psicologia Social e das Organizações pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa.
Iniciou o seu percurso profissional na área da consultoria de recursos humanos, passou pela investigação académica e de novo voltou à consultoria. Em Barcelona desde 2013, iniciou a sua atividade como consultora de recrutamento da MediCarrera em Maio de 2015.
Emprego Saúde – Quando e como começou a trabalhar na área de recrutamento?
Cátia Cunha – Comecei a trabalhar na área do recrutamento e seleção de pessoas em Setembro de 2007, quando estava no meu último ano de licenciatura, na empresa MSL, Lda. Iniciei as minhas funções como estagiária de recrutamento e fui evoluindo profissionalmente, passando pelo desempenho de funções em departamentos de recursos humanos de 2 empresas em Portugal até chegar à MediCarrera. O meu início na MediCarrera deveu-se ao facto de eu ser uma portuguesa a viver em Barcelona, onde a empresa tem a sua sede, e de naquele momento ir iniciar um processo de recrutamento de profissionais de enfermagem para a Suécia onde Portugal surgia como um país bastante atrativo para recrutar. Atualmente sou responsável por gerir todos os processos de recrutamento de enfermeiros para a Suécia.
Emprego Saúde – Qual o atrativo e as dificuldades deste trabalho? Qual tem sido o posicionamento da sua empresa neste mercado?
Cátia Cunha – O que mais gosto no meu trabalho é o permanente contacto social que tenho com as pessoas. O facto de as conhecer em entrevista, saber das suas motivações e preocupações relativamente ao desafio que lhes é apresentado, dá-me um imenso prazer e impulsiona-me a querer fazer do desafio uma oportunidade para as suas vidas. As principais dificuldades relacionam-se com a gestão das expectativas individuais de cada pessoa. Um processo de recrutamento com a MediCarrera tem uma duração longa no tempo. Inicia-se com a parte de recrutamento de candidatos mas depois evolui para uma visita de estudo à Suécia, um curso de idioma que dura sensivelmente 8 meses e finalmente a colocação do profissional no seu novo trabalho. Todas estas etapas têm que ser cuidadosa e carinhosamente geridas porque sabemos que se não acompanharmos, informarmos e escutarmos os nossos candidatos de forma ativa, corremos o risco de não ter sucesso na sua seleção.
Os objectivos da MediCarrera no mercado é ser uma forte referência no que toca ao recrutamento de enfermeiros para a Escandinávia. O facto de sermos o principal colaborador oficial do sistema público de saúde na Suécia torna-nos uma referência neste país e também na Dinamarca e Noruega. Em Portugal queremos dar-nos a conhecer e revelar também como é trabalhar em países escandinavos.
Emprego Saúde – Quais são as oportunidades e ameaças neste momento para um profissional de saúde que queira migrar?
Cátia Cunha – As oportunidades para um profissional de saúde que queira emigrar penso que se relacionam diretamente com a valorização e o enfâse que se colocam no seu trabalho e formação académica. Da minha experiência do contacto com clientes internacionais, sei que os candidatos portugueses são altamente apreciados e valorizados quer pela qualidade da formação quer pelo brio profissional que colocam nas suas tarefas. Na Suécia valoriza-se imenso o profissionalismo aliado a um grande equilíbrio entre a vida pessoal e familiar, e penso que isto é uma excelente oportunidade para aqueles profissionais que queiram emigrar. As ameaças creio que se relacionam com factores de adaptação. No nosso caso, formamos os nossos candidatos e as suas famílias no idioma sueco, eles aprendem não só os termos técnicos mas também sobre a cultura, hábitos, costumes, etc. Contudo, sendo uma cultura um pouco diferente da nossa, eu diria desconhecida até, a capacidade de adaptação desempenha aqui um forte papel.
Emprego Saúde – Como está a evoluir o mercado de recrutamento e mobilidade internacional?
Cátia Cunha – O mercado de recrutamento está a evoluir a um ritmo impressionante. Há cerca de 4 anos a MediCarrera tinha necessidade de profissionais de saúde numa ordem de 40 posições por ano. Hoje temos cerca de 45 posições para gerir cada mês.
Hoje em dia a mobilidade internacional não é, de todo, um problema. É relativamente simples um candidato da União Europeia sair do seu país de origem em busca de melhores condições de vida familiar e profissional na Escandinávia.
Emprego Saúde – Quais os pormenores que um candidato que procure emprego fora de Portugal não pode descurar?
Cátia Cunha – Creio que quando um candidato procura trabalhar fora de Portugal tem que considerar seriamente a sua motivação para o fazer, tentar informar-se junto de nós acerca das etapas de todo o processo e assumir que terá que passar por todo um processo de formação de idioma antes de começar realmente a trabalhar. Como costumo perguntar aos meus candidatos em entrevista: “O processo de recrutamento e seleção connosco é longo, exige que aprenda primeiro a língua e só depois começará a trabalhar, tem a certeza que irá tomar a decisão correta?” e normalmente a resposta é sim!
Emprego Saúde – Que conselho daria a um jovem que está no último ano do curso de formação de base?
Cátia Cunha – Que estude e que seja o melhor da sua turma! Relativamente a uma possível oportunidade de emigração, que se informe muito bem acerca do destino para onde vai, que tente saber o máximo de coisas acerca da empresa de recrutamento, se a sua família (caso tenha família) o pode acompanhar, se está incluída no programa de formação de idioma e, muito importante, que garanta que durante todo o processo de transição e adaptação no novo país seja devidamente acompanhado.
Emprego Saúde – Que história recorda com mais satisfação no seu percurso como profissionais e recursos humanos?
Cátia Cunha – Recordo-me de uma candidata – Enfermeira que se manteve comigo quase 1 ano, constantemente interessada e motivada apesar de numa primeira fase do processo de recrutamento um hospital sueco não ter avançado com a sua candidatura. Ambas conseguimos manter um diálogo constante e um interesse mútuo e a semana passada a Inês consegui a sua garantia de emprego para trabalhar perto de Gotemburgo e vai iniciar o seu curso de sueco em Setembro no nosso centro de formação em Calafell, Barcelona.
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