Migrar para a Bélgica Flamenga
O Emprego Saúde traz o testemunho de três enfermeiras portuguesas  a trabalhar na região Flamenga da Bélgica assessorada pela Moving People neste percurso de mobilidade profissional. Sara Alexandre a trabalhar desde Janeiro deste ano na zona de Borsbeek . Ângela Fernandes e Fátima Neiva num Lar em Moerbeke desde Dezembro de 2012.
Sara Alexandre
Eu chamo-me Sara, tenho 23 anos e licenciei-me em enfermagem em Setembro de 2011. Uma vez que estava difÃcil encontrar trabalho, resolvi apostar no estrangeiro. Vi uma boa proposta de uma empresa para ir trabalhar para a Holanda, e decidi arriscar. As coisas não correram muito bem… a empresa não era de confiança. Felizmente eu e os restantes colegas conseguimos sair a tempo. Resolvi então procurar uma empresa de confiança. Uma vez que a Moving People era uma das empresas citadas no Fórum como de confiança e com experiência, arrisquei mais uma vez e desta vez deu certo.
Falei com um representante da Moving People, tive uma entrevista e comecei a ter aulas de holandês via skype, com um professor belga. Eu já tinha umas bases de holandês, uma vez que tivera já aulas com a outra empresa, então não foi um completo choque. A lÃngua holandesa é uma lÃngua elaborada e um pouco difÃcil… Estar presente em todas as aulas, ser participativo e estudar muito em casa, é bastante importante! Eu não tinha nenhum emprego, então consegui aplicar-me a 100%. Após completar as 150 horas de aulas, recebi ainda umas aulas extra, até fazer o teste da lÃngua. Consegui atingir o nÃvel pretendido da lÃngua e posteriormente tive a entrevista, para um lar, numa vila ao lado de Antuérpia. Após a entrevista ainda tive alguma aulas de reforço, até ao dia da viagem para a Bélgica.
Após completar um mês aqui na Bélgica o que posso dizer da experiência… A Moving People  realmente tratou da papelada para vir para aqui, e cá ajudou-nos a abrir a conta bancária e entregou-nos um dossier com algumas informações sobre a empresa e sobre a Bélgica. Mas cá ainda temos de tratar de alguma burocracia… Felizmente as pessoas aqui no lar estão a ajudar-me com toda esta papelada!
As pessoas aqui no lar são super simpáticas e ajudam-nos bastante na integração, o que é bastante importante. Os próprios belgas são muito simpáticos! Na rua percebem que somos estrangeiras, e perguntam-nos a nossa nacionalidade e metem conversa. Já encontrámos pessoas que falam também português, o que é sempre uma boa surpresa. A lÃngua, sim, é uma importante barreira que temos de superar. Nós conseguimos manter uma conversa trivial, mas nada de muito profundo. E quando estamos longe da famÃlia e amigos, é importante termos alguém com quem ter umas boas conversas. Felizmente vim para aqui com outra enfermeira, que me acompanhou durante todo o processo na Moving People . É um aspecto bastante facilitador vir acompanhada… Sempre nos ajudamos uma à outra e conversamos uma com a outra. Mas bem, embora eu e a minha colega achemos que não temos assim um nÃvel de holandês muito bom, toda a gente aqui diz que o nosso nÃvel da lÃngua é mesmo muito bom. Oque é certo é que conseguimos comunicar… E quando estamos cá e temos mesmo de falar em holandês é que aprendemos verdadeiramente a comunicar.
Quanto à s condições de trabalho, são bastante boas. E, embora o trabalho seja um pouco pesado (há poucas enfermeiras aqui), compensa exercer a minha profissão. Eu escolhi trabalhar num lar, uma vez que a barreira linguÃstica pesa um pouco. Num ambiente mais familiar é mais fácil aprendermos a comunicar com as pessoas e a conhecer o sistema de saúde e de cuidados. Num hospital seria tudo bastante mais pesado, na minha opinião. E aqui os responsáveis do lar querem apostar na nossa formação. Por exemplo, eu gostaria de tirar um curso, ou de me especializar em alguma área… Posso sempre fazer a proposta e se eles acharem que será uma mais valia para o lar, eles próprios pagam-te o curso, ou a especialização, ou o que for. Bem, para finalizar, apenas frisar que este processo não é um processo fácil! Aprender uma nova lÃngua, mudar de paÃs, ficar longe da famÃlia e dos amigos, conhecer uma realidade diferente… Mas, na minha opinião, compensa! Compensa porque posso exercer a minha profissão… Compensa quando sei que posso evoluir na minha profissão… E compensa sempre quando vejo que o meu trabalho aqui como enfermeira é respeitado e valorizado! E claro, compensa sempre pela nova experiência, pelos novos conhecimentos e pelas novas pessoas na nossa vida.
Desejo muita sorte e força a quem quiser também embarcar nesta nova experiência!!!
Ângela Fernandes
No inÃcio do processo de recrutamento, o meu objectivo pessoal era trabalhar em meio hospitalar na Bélgica, na região onde o idioma é o francês. No entanto por haver maior oportunidade de trabalho na região flamenga, optei por aceitar iniciar o curso de neerlandês para poder então trabalhar nesta região. Confesso que foi um grande desafio desde o inÃcio, pois o neerlandês é uma lÃngua muito diferente do português e pessoalmente não tinha, até então, qualquer conhecimento deste idioma.
Aquando o inÃcio das aulas de neerlandês estava muito expectante e também com algum receio de não atingir o nÃvel exigido de lÃngua, pelas diferenças que este idioma apresenta em comparação com o português. No entanto com o decorrer das aulas este receio foi-se desvanecendo. Após muito trabalho (não só nas aulas mas também após estas) fui ganhando cada vez mais confiança na aprendizagem desta lÃngua. O material de apoio disponibilizado pela Moving People  e pela professora foram ferramentas indispensáveis para que esta aprendizagem se tornasse possÃvel. Os testes realizados pela escola belga e o feedback da professora e da Moving People  foram também um ponto importante neste processo. Assim, ao longo do tempo, consegui-me aperceber se o caminho que estava a seguir no meu estudo era o mais indicado ou se deveria mudar algo no meu processo de aprendizagem.
Após a conclusão das aulas e obtenção do nÃvel de neerlandês foi-me proposta pela Moving People  a realização de nove entrevistas em lares na Bélgica, as quais eu aceitei logo realizar. Estas entrevistas foram muito importantes, porque além de contactarmos com a cultura belga, ficamos a conhecer também as condições dos possÃveis locais onde poderÃamos futuramente exercer funções. O número elevado de entrevistas foi um pouco desgastante mas também uma mais-valia para mim, pois com o decorrer destas entrevistas fui melhorando o meu discurso perante os responsáveis dos lares. Durante esta curta permanência na Bélgica estive sempre acompanhada por colegas enfermeiras e também por representantes da Moving People . Estes últimos acompanharam-nos e orientaram-nos nas entrevistas e disponibilizaram-se a mostrar um pouco da cultura belga.
Aproximadamente uma semana após as entrevistas fui seleccionada para um dos lares, juntamente com uma colega enfermeira. Depois de um longo perÃodo iniciado em Maio de 2012 com as aulas de neerlandês, esta foi sem dúvida mais uma etapa do processo de recrutamento que me deixou muito feliz. Assim em Dezembro deste mesmo ano já estava a trabalhar num lar belga.
Após a chegada à Bélgica, agora de um modo mais permanente, tivemos apoio de um representante da Moving People  que nos levou ao local de trabalho e também nos ajudou na compreensão de alguns documentos.
Até ao momento estamos a viver numa casa de um casal, mas em Fevereiro iremos mudar para um apartamento com boa acessibilidade ao lar. Os colegas enfermeiros do lar, residentes, familiares, representantes da instituição e outros profissionais têm-nos ajudado muito neste processo de integração. A barreira linguÃstica é muitas vezes ultrapassada pela compreensão e colaboração destas pessoas. Este é um ponto muito positivo nesta fase. Sempre que temos alguma dificuldade estão prontos a ajudar. No entanto e naturalmente, tenho ainda dificuldades em me expressar ou compreender os outros. Porém esta situação vai-se resolvendo com o tempo. O dia-a-dia na Bélgica também me permite melhorar em muito este aspecto.
A Moving People  apresenta também a sua disponibilidade para o necessário em todo este processo. Os representantes belgas e portugueses desta instituição vão contactando connosco e com o lar para nos ajudar com possÃveis problemas, dúvidas ou outras situações.
Até ao momento estou contente com este processo, pois permite-me estar neste momento a exercer enfermagem.
Fátima Neiva
Quando terminei a minha Licenciatura em enfermagem no ano de 2011, já eram escassas as oportunidades de trabalho nesta área em Portugal. No entanto, não me deixei vencer pelas contrariedades do panorama nacional e enviei o meu CurrÃculo para várias Instituições de Saúde portuguesas. Porém o tempo foi passando e eu não conseguia obter qualquer resposta nem positiva, nem negativa à s minhas candidaturas. Desta forma, a emigração parecia ser a solução para este problema. Assim, e juntamente com uma colega de curso, decidimos procurar oportunidades no estrangeiro através de Agências de Recrutamento.
Já tinha ouvido falar da Moving People através de colegas de curso mais velhos e decidimos então ver quais eram as condições que esta Agência de recrutamento nos oferecia e compará-las com outras Agências. De facto, pude nesse momento constatar o grande apoio que a Moving People  oferecia, nomeadamente em termos de documentação e legalização no futuro paÃs de emigração. No entanto, naquele momento a MP recrutava apenas enfermeiros para a aparte Flamenga da Bélgica, onde a lÃngua nativa é o Neerlandês (Holandês). Como, não tinha qualquer familiaridade com esta lÃngua, fiquei um pouco indecisa, sem certezas se deveria ou não prosseguir com a ideia de emigrar para a Bélgica. Mas, logo me foi esclarecido que teria oportunidade de efectuar um curso linguÃstico intensivo de 150 horas e focada na área da saúde. Realmente, este foi o aspecto que mais me atraiu nesta Agência de Recrutamento, visto que nenhuma outra oferecia um curso linguÃstico com tantas horas de aprendizagem.
Após o envio do meu CurrÃculo para a Moving People  e de alguns contactos através da internet e do telefone, foi realizada uma conversa de esclarecimento via Skype com um dos representantes da MP. Através desta conversa obtivemos uma explicação minuciosa das condições oferecidas e quais seriam as etapas do processo de recrutamento. Foram ainda pedidos alguns documentos, que seriam essenciais para dar inÃcio a todo este processo.
Quando consegui reunir os documentos pedidos, foi agendado um encontro em Viseu na sede da Moving People  Portugal. Este encontro, no meu entender, veio mostrar a seriedade desta Agência para com as pessoas que estavam a recrutar, pois tive a oportunidade de conhecer pessoalmente os representantes da Moving People . Foram-nos ainda fornecidos os contactos telefónicos de cada um dos representantes, os quais serviriam para comunicar com a equipa da MP de forma mais célere e para esclarecer quaisquer dúvidas.
No contacto seguinte, a MP informou-me sobre o inÃcio do curso de Neerlandês, que acabou por ser prolongado para as 220 horas Este curso foi leccionado via skype, 2 horas por dia e de segunda a sexta-feira. Foi um curso bastante intenso que durou 6 meses. Nas aulas tÃnhamos oportunidade de ouvir, falar, ler e escrever em Neerlandês. Mas sem dúvida que teve que haver um grande esforço individual e muito estudo autónomo. Só desta forma é que se consegue um nÃvel linguÃstico suficiente para se dar inÃcio à face de contactos com os empregadores.
Ao longo destes meses de curso linguÃstico, o meu nÃvel de neerlandês foi sendo avaliado por uma Escola Belga que tem parceria com a Moving People . No meu primeiro teste com esta escola, o nervosismo era grande, tal como a vontade de mostrar que era grande o esforço que estava a fazer na aprendizagem desta nova lÃngua. Contudo, o resultado desta minha primeira avaliação ainda não atingia o nÃvel mÃnimo exigido. No entanto, o curso de Neerlandês estava longe de acabar e, por isso, ainda tinha muito caminho a trilhar e muito poderia ainda evoluir. Esse foi o meu pensamento ao longo do curso. Tentar esforçar-me ao máximo. Para atingir os resultados pretendidos, foi essencial o apoio e ajuda quer da professora que leccionava o curso, como das outras três colegas com as quais estava a ter o curso, bem como por parte da Moving People  que forneceu material de estudo.
Por fim, consegui atingir o nÃvel mÃnimo de Neerlandês e fui, juntamente com mais 3 colegas à Bélgica realizar 9 entrevistas de emprego para Lares. Foram quatro dias muito intensos, mas como eram muitas entrevistas, fez com que estivesse menos nervosa, visto que maiores seriam as hipóteses de conseguir ser aceite em pelo menos um das Instituições. Durante esta viagem, pude ainda contar com o acompanhamento de elementos da Moving People  Bélgica, que acompanharam o grupo em todas as entrevistas e praticamente em toda a estadia na Bélgica. Como estes também possuÃam conhecimentos de português, tornaram-se ainda um grande apoio em termos linguÃsticos.
Para mim esta oportunidade de fazer as entrevista em território belga, foi uma boa experiência já que me proporcionou a oportunidade de entrar em contacto com a realidade do sistema de saúde belga e conhecer as condições de trabalho de cada Lar. Tive ainda a oportunidade de colocar em prática os meus conhecimentos de Neerlandês.
Menos de uma semana após a minha viagem à Bélgica, já tinha uma proposta de trabalho de um dos Lares visitados. Felizmente essa proposta de trabalho foi dirigida não apenas a mim, como também à minha colega com quem me tinha inscrito conjuntamente na Moving People , e com a qual também fiz o curso de Neerlandês. Em menos de 1 mês, fomos para a Bélgica trabalhar, mas durante esse tempo de espera, não fiquei parada. A MP proporcionou outro curso de Neerlandês, agora com uma professora belga, de forma a não esquecer o que já tinha aprendido até ali. Durante este curso, entre outros aspectos, foi dado muito enfoque à pronúncia e capacidade de construir diálogos, principalmente em situações de trabalho e relacionadas com a área da saúde.
Relativamente à mudança definitiva para a Bélgica, posso afirmar que os belgas são imensamente hospitaleiros. Todos aqui fazem questão em mostra-me tudo, desde as lojas mais económicas para comprar roupa e alimentos até ao funcionamento dos transportes públicos na Bélgica. Estão sempre preocupados comigo e prontos a ajudarem. Ainda não me mudei para o alojamento definitivo, mas várias foram as pessoas que me ofereceram móveis, louça, entre outras coisas. Até agora tenho vivido num alojamento temporário, em casa de um casal muito simpático e atencioso.
No que diz respeito ao trabalho no Lar, a minha maior dificuldade é sem dúvida a lÃngua e visto que aqui na Bélgica existem muitos dialectos, torna as coisas um pouco mais complicadas. Contudo, desde os colegas de trabalho até aos residentes do Lar, todos entendem a minha situação e tentam falar um pouco mais devagar e de forma clara para que eu os possa entender. Em termos de condições, o Lar está muito bem equipado e as instalações são modernas. A informação sobre os residentes está praticamente toda informatizada. Relativamente à s tarefas de um enfermeiro são praticamente iguais à s tarefas de um enfermeiro em Portugal. Contudo, eu trabalho num Lar e não num Hospital, ou seja, estou em contacto com pessoas relativamente saudáveis. E, assim sendo, são esporádicas as oportunidades que tenho para realizar técnicas mais invasivas. Aqui as tarefas de um enfermeiro passam pela preparação e administração de medicação, avaliação de sinais vitais, avaliação de glicemia, cuidados de higiene e conforto, posicionamento e ajuda na deambulação e alimentação dos residentes.
Até agora este primeiro mês na Bélgica está a superar as minhas expectativas. Aqui sinto-me muito acarinhada e valorizada. Ainda há muito a fazer e a melhorar, mas sinto-me com confiança. Sem dúvida que são muitas mudanças e nem sempre é fácil, mas pude sempre contar com o apoio quer por parte dos responsáveis do Lar, quer por parte da Moving People .
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