Eliana Firmino | Uma enfermeira em Isle of Man
Eliana Firmino é enfermeira numa Nursing Home, em Isle of Man (UK). O seu contacto chegou-nos através do nosso parceiros Best Personnel (link). A seguir apresentamos o testemunho sobre uma experiência num cenário pouco habitual mas interessante.
ES – Diga-me porquê e como é que tomou a decisão de emigrar para o Reino Unido?
Como é do conhecimento de todos nós, neste momento Portugal encontra-se a atravessar um período de grandes dificuldades. Podemos constatar que neste momento em Portugal os mais afectados estão a ser os jovens, jovens com vontade de trabalhar, de lutar por uma causa, com vontade de ficar naquela que sempre foi a sua nação, fazer por esta o que esta um dia fez por nós, lutar para fazê-la crescer novamente.
Estes jovens portugueses, lutadores e determinados, com um longo percurso académico vêm-se obrigados a passar os seus dias a esfolhar o jornal, a percorrer todos os sites da internet à procura do emprego ideal, a enviar 10, 20, 30 vezes por dia o seu currículo e no final de tudo deparam-se com a dura realidade…”Ninguém responde?”, onde está aquela frase educada “obrigada pela sua candidatura”.
Com o passar dos dias, começa assim a surgir a vontade de desistir e abandonar aquele país que de dia para dia nos começa a conquistar mas apenas com desilusões.
Posso dizer que me deparei com estas situações várias vezes enquanto Enfermeira Portuguesa. Último ano de enfermagem, o sonho realizado e a vontade de agora exercer a minha profissão. Deparei-me desde logo com as dificuldades que agora ainda mais de evidenciam. Decidi continuar os estudos e ao mesmo tempo procurar emprego. Mais dois anos em Portugal, a trabalhar para o currículo perfeito, especializei-me em Enfermagem Comunitária e terminei o mestrado nesta mesma área. durante estes dois anos posso dizer que fui Enfermeira, apesar de apenas realizar trabalhos precários saltando entre lares, empresas de apoio domiciliário… Tudo isto em busca de um contrato de emprego que nunca mais aparecia.
Chegou para mim aquela altura de dizer “basta”. Com o apoio incondicional de aqueles que me são mais importantes surge a decisão de abandonar o país e esperar que ele volte a ser o que já foi um dia.
ES – Descreva algumas das diferenças que encontrou no Reino Unido em relação a Portugal no que toca a trabalhar como Enfermeiro(a)?
Diferenças?! Relativamente a este assunto é mesmo necessário pronunciarmo-nos no plural mas, a que mais se acentua é o reconhecimento que o enfermeiro Português obtém. O nosso País é conhecido pela emigração e todos nós já ouvimos as histórias que daí advêm, a grande realidade é que somos um povo trabalhador, sempre o fomos e fora demonstramos ainda mais essa garra de fazer bem e melhor. Somos bem formados, inteligentes e sabemos bem como demostrar essas nossas características. Posso dizer que cheguei à Ilha de Man no dia 25 de Outubro de 2012, nessa dia tive consciência de que realmente a minha vida iria mudar. Foram feitas as despedidas, e estava literalmente pronta para começar algo novo, começar a construir o meu futuro afastada dos que me são mais queridos. Comigo trouxe uma grande amiga de faculdade, que sem dúvida foi o que possibilitou uma adaptação mais rápida, adaptação à meteorologia, à língua, às pessoas…
Agora, um ano mais tarde o mais difícil continua a ser a adaptação às condições climatéricas, pode parecer cliché mas esta é a realidade.
Aqui, passado seis meses a exercer aquela que é a minha paixão consegui um reconhecimento que eu jamais conseguiria em Portugal passados 20 ou 30 anos de árduo trabalho. A enfermagem que nós exercemos e que nos é ensinada em Portugal é bastante diferente da Enfermagem Inglesa e não só. Como me dizia ainda ontem uma auxiliar de ação médica (care assistance) que acompanhou bem de perto a realidade do meu trabalho: “you makes my job, your job and after papperwork. How you can?” São estas palavras que no fim do dia, quando chegamos a casa nos fazem sentir realizados.
Posso ainda dizer-vos que aqui pessoas são extremamente afáveis, ao contrário do que eu tinha em mente. São divertidas e acima de toda a diversidade cultural que existe nesta Ilha são extremamente confiáveis. É sem dúvida um lugar extremamente seguro. Um óptimo lugar para viver.
ES – Em que aspectos é que acha que o facto de ter tomado contacto com a BPL influenciaram a sua experiência de trabalho no Reino Unido?
Sem dúvida que o contacto realizado com a BPL ajudou muito. Foi através desse contacto que hoje estou onde estou. O contacto com a BPL foi o primeiro passo, e foi graças a esse primeiro passo que hoje me sinto realizada, com força e vontade para continuar. Tenho também a agradecer-lhe pela força e apoio, quer durante as entrevistas quer relativamente a toda a documentação necessária.
ES – Quais são os seus futuros planos de carreira após esta primeira experiência?
Sempre me considerei uma pessoa extremamente ambiciosa, continuo a apostar na minha formação, e o local onde exerço a minha profissão apoia-me incondicionalmente nesse aspecto, fornecendo-me os instrumentos necessários para o meu crescimento.
Tenciono permanecer aqui e desde o início que me foi colocada essa proposta, fui muito bem recebida e conquistei total confiança através do meu trabalho, esforço e dedicação. Continuo a sentir falta dos meus mas como em qualquer outro lugar temos a facilidade de ir a Portugal várias vezes ao ano e continuo a ter o apoio incondicional dos que me são mais queridos. Se tenciono voltar a Portugal?! Talvez, um dia… Mas com certeza esse regresso não está para breve. Descobri aqui o meu futuro, e aqui tenho as condições perfeitas para me sentir realizada. Aqui vou crescer, como pessoa, como profissional, como enfermeira.
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